quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Jogo do Copo


Tive um grupo de amigos que adorava novas experiências.

Uma delas foi o jogo do copo.
Só o fizemos duas vezes, das duas vezes de forma semelhantes mas com acontecimentos muito diferentes. Escapavamos da escola quando algum professor faltava e reunimos-nos na casa de um dos rapazes do grupo. Na primeira "sessão" tivemos muita brincadeira, muita adrenalina e muita imaginação. Tudo correu pelo melhor e com toda a certeza que o copo nunca se mexeu sozinho. Confesso que a primeira experiência até foi interessante para descobrir alguns segredos do grupo.
No fim do jogo partimos o copo, pois a indicação que tinhamos é que no final o espirito tem que ser libertado e expulso do objecto possesso.
Da segunda vez fizemos tudo igual, mas... um dos meus amigos teve a ideia de trazer o livro do S. Cipriano. Nem me lembro do como o arranjou, só posso dizer que a partir daí tudo correu mal.
É claro que o livro despertou um interesse intenso em todos e aumentou a nossa adrenalina.

Iniciamos o jogo com as invocações baseados no livro, a partir desse momento o ambiente mudou. A casa ficou muito fria e senti-me muito incomodada.
Ninguém mencionou no momento o seu mal-estar e por isso continuamos com o jogo, mas fiquei a saber no fim do jogo que todos sentiram o mesmo incómodo.
O copo nunca se mexeu sozinho, disso tenho a certeza, mas o ambiente envolvente estava carregado. As perguntas eram provocadoras e as respostas eram agressivas. Segundo a nossa imaginação estavamos a lidar com um demónio mau.

De repente ouvimos um estrondo forte, deduzimos que algo terá caído e decidimos terminar o jogo. Claro terminamos tudo como verdadeiros profissionais e fomos todos juntos partir o copo para acabar com o jogo.

Um copo banal e até frágil que de maneira nenhuma queria partir. Atiraram contra a parede várias vezes, apenas ao sétimo lançamento é que o copo partiu-se em mil pedaços. Esse pequeno incidente já nos deixou bastante incomodados e decidimos voltar a casa para comentar o jogo e conversar um pouco.

A verdade é que todos sentiram o frio que senti, alguns inclusive dizem ter sentido uma presença. Não sei se posso confiar plenamente nesses comentários mas o mais surprende foi o que aconteceu a seguir...

As luzes apagaram-se e com o susto uma das raparigas gritou, muitos foram se refugiaram em cantos ou simplesmente afastaram-se dela.
Ela começou a chorar desalmadamente e a gritar pelo "Manel". Repetia vezes sem conta que o "Manel tinha perdido a cabeça".

Quando a luz voltou ela acalmou-se e disse que estava consciente do que estava a gritar mas que não percebia o porquê de estar a fazê-lo. A verdade é que ao inspeccionar a sala encontramos um boneco que pertencia a falecida irmã do nosso amigo com a cabeça separada do corpo.

A "diversão" terminou por ali, decidimos regressar todos para as nossas casas e não falar mais no assunto.

No dia seguinte ainda perguntei ao meu amigo se estava tudo bem e se tinha acontecido mais alguma coisa na casa. Ele assegurou-me que não mas que nunca mais voltaria a fazer aquele jogo e que também não queria falar mais no assunto porque ficou muito abalado com o boneco sem cabeça.

Assim foi, nunca mais joguei ao jogo do copo.

Beijinhos,

Nimphe.

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